quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Em mãos.

Veneza, 26 de agosto de 1898.


Querida Marie, não quero mais que esse vento frio da janela separe o que eu tenho dentro de mim pra ti, o vento parece sua delicada voz. Todos os dias antes de dormir me certifico que não estas a me chamar pela janela.

Amanhã bem cedo pego a embarcação para o Brasil, e esta carta vos deixo, para que jamais se esqueça que não se precisa saber a demora e sim a intensidade. E por um retrato levo tudo que escrevi pintei e sonhei para nós.

O Mediterrâneo me fez esquecer as índias e agora não tira de minha cabeça aquela donzela do theatro, será que encontro no Brasil uma mestiça pra vos substituir, querida Marie?

Não serei melhor tão longe, mas não quero ficar pior por perto, a maresia pode sujar você nos meus pensamentos, quissá viro comida para peixes.

A emoção transborda pela caneta tinteira, e neste singelo pedaço de papel deixo a ti o que tenho de melhor em mim, continuarei contando os dias em par...

E que o Atlântico não acabe com a primavera escrita em cada singelo movimento da senhorita.

Sem mais.

Um Viajante.

4 comentários:

S. U. Command disse...

Bela background.

misssilpati disse...

26 de Agosto é o 238º dia do ano no calendário gregoriano (239º em anos bissextos).
...Faltam 127 para acabar o ano.

e viva o google\o/

misssilpati disse...

e que a carta seja lida antes do fim...

Larissa Lorena disse...

Belas palavras, que chegue ao destino certo, antes do final .