quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Com a palavra: A Dona Mangueira.

Além das coisas que eu queria ter dito e das coisas que eu queria ter escrito...

Sinto pedaços de mim, virarem assoalho para meu viver a cada ano, na mesma temporada. Fico nua, sinto frio e vejo animais se esconderem dentro de mim.

Em outra temporada faço a beleza florescer,gero alimentos para quem tem fome, casas para quem precisa, e sombra...

Sombra na qual ele leu muitos contos, na mesma sombra em que o casal se beijou pela primeira vez, eles tatuaram em mim a paixão deles em forma de coração, alguns meses depois ele trouxe outra menina para cá, mas não foram muitas vezes, essa moça engravidou em meus braços, folhas e pernas, sou mãe desse filho também!

Certo dia, aquele que comeu da minha fruta e aproveitou da minha sombra desejou meu fim, encomendou a minha morte em troca de poucos trocados, que não eram fruta nem flor, muito menos sombra!

Virei folhas de papel, ele assinou o óbito de sua esposa em mim, a certidão de seu filho e seu testamento, que dizia:

“... Antes de tudo, escrevam suas linhas, digam seus provérbios e plante uma arvore, a longo prazo vocês me entenderam...”

Pensem, mas não muito.
Cuidemos, afinal é nosso.

Sem mais.

O mesmo.

2 comentários:

Karine Maia disse...

Sem palavras, apenas meus aplausos encharcados de respeito!

Beijos.

misssilpati disse...

Não é que o mundo seja só ruim e triste. É que as pequenas notícias não saem nos grandes jornais. Quando uma pena flutua no ar por oito segundos ou a menina abraça o seu grande amigo, nenhum jornalista escreve a respeito. Só os poetas o fazem. (Rita Apoena)


http://ritaapoena.zip.net/jornal/ ;)