quinta-feira, 30 de abril de 2009

Jovem crise das velharias.

Algumas plantas no quintal, o trem passava atrás de sua casa, alguns periquitos no viveiro...

Algumas pessoas pretendem me dizer coisas, me chamam às vezes de reacionário, antiquado e conservador...
Metade dos meus pensamentos eu escrevo com a razão, a outra metade eu comporto de preconceitos, filmes e prazeres. Não me sinto agredido por vaidade e sim pelo que digo, e confio nisso.

Liberdade de expressão não significa dizer qualquer coisa, significa dizer o útil, o prático, o que simplifica o simples...
Liberdade não é virar refém da liberdade, não é se tornar escravo do que é novo. Liberdade é poder aceitar o novo sem perder o velho, sem achar o velho tão velho.

A moral e os bons costumes deram lugar a um anarquismo que apelidamos de liberdade.

Vai saber...

Sem mais.
Mario Tito.

sábado, 25 de abril de 2009

Traduzido para esquilos.

Esquenta esse café, pois hoje eu não quero dormir vou grudar naquela mesa até você acordar, nossos fusos estão trocados, você dorme durante o dia e eu durante a noite.
Alguém vai ter que se sacrificar e fazer do próprio sono um refém, tirar os espinhos desse sentimento.

Decidi ceder aos teus caprichos, só por hoje eu digo não. Vou reescrever aquela música que faz você chorar...
Sinto todo peso do mundo, em pegar você no colo, deve ser porque você é o meu mundo, os meus braços já não são aqueles...
Tatuaria o seu nome, em forma de oração, para que os nossos filhos pudessem entender quanta chuva derramou sobre mim, quanto amor eu pensei sentir...

Sou velho demais pra ter voz, não quero cantar!
Tome as cordas do violão, se enforque com sua própria música...

Minhas pernas não são duas, meus braços escondem seu nome, e a oração...
Nossos filhos não ligaram e acham tudo velho, tudo fosco, coisas de pais...
Suas alvoradas não têm mais meus olhos, aqueles de espelho que sempre te mostravam como você é.

Una seus punhos e acerte a mão no açúcar, não consegui te esperar acordado.

Sem mais.
Mario Tito.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Dietético, minucioso e chato!

Me rodeando de bons motivos, de bons momentos e do que nunca acaba. Sorteio em mim uma nova paixão pra seguir durante a próxima desilusão...

Subiu a maré e se fez um golfo de cores que não conseguíamos enxergar.À noite o cheiro da comida típica nos fazia perceber o quanto estamos longe de casa, forasteiros são sempre questionados, turistas bem tratados...
Ambos são visitas...

Sacos de dormir ou boas camas? Eu prefiro fazer amor sobe um luar solitário, ondas batendo e sacos de dormir como ninho...
Você preferiu subir.
Adiante...

Ela me chamou pra alguma coisa que não lembro o nome, dei créditos e desliguei o telefone pra não ser incomodado.
Era tudo tão dietético, minucioso e chato! Esperava o fim da noite, ela ia me levar em casa...
Pensei que seu carro fosse estacionar antes, afinal suítes estão sempre em promoção, foi um simples beijo dietético, minucioso e chato!

Cheguei em casa esperando mais dessa chuva, ela não caiu...
Percebi que nem todos os livros terminam como eu quero.

"Será que tudo que eu gosto é ilegal, é imoral ou engorda?" Roberto Carlos

Sem Mais.
Mario 160#

segunda-feira, 20 de abril de 2009

E viva as estampas patriotas!

O dia que o brasileiro parar de tratar política como trata futebol poderemos, enfim, começar a engatinhar como uma nação.
Temos um passado entranhado dentro da gente cheio de mentiras, golpes e peças por trás da cortina, sem que o público pagante pudesse assistir. Cheio de coisas sem explicação e cheio de números ímpares...

Temos um presente sem horizonte e com alguns copos vazios, vivemos na esperança de milagres e do surgimento de um herói, talvez um novo Jesus Cristo, um Ghandi, um Hitler ou um Chapolin...
Quem sabe um anti-herói?

Temos um futuro de coisas velhas, de repetidas finais de campeonato e de histórias emocionantes de artistas consagrados por eles, e engolidos por nós. Você deve estar pensando: Lá vem mais um rapazinho cheio de idéias e espírito de mudança, pobres jovens. Não sou, juro que não...

Eu adoro alimento pra cabeça, adoro humorísticos sem graça e filmes repetidos. Adoro séries norte-americanas e os hambúrgueres! Não sou revolucionário, pra mim revolução é uma maneira sutil de dar um golpe, todas as revoluções que eu conheço foram assim...
Um golpe!

Pra quem acorda ao meio dia e dorme às quatro da manhã e ainda quer dizer que a vida é curta é que deixo meu recado de hoje, to tentando ser cada vez mais claro...

Conseguindo?

Sem mais, por hora.
Mario.

terça-feira, 14 de abril de 2009

E será que há beleza em mim também?

O ônibus estava lotado, era seguro pelos próprios corpos, estava imóvel. As pessoas vão indo embora, ele percebe um garoto que viaja na porta. A porta aberta e ele pendurado sem receio algum, menino corajoso...
Pensa consigo mesmo: - Se esse garoto cai daí? E se alguém esbarra nele?
A essa altura ele não tirava os olhos do garoto de mochila e cabelo grande, usava um tênis preto e uma calça larga caindo, parecia estar na faixa etária dos vinte anos...

Agora ele já conseguia atender seu telefone, ainda sim de olho no menino da porta,já segurava sua mala de trabalho com seu computador na mochila e ajeitava os óculos após movimentos...

O menino parecia desafiar o medo de todos ao ficar com mais da metade do corpo pro lado de fora, um pequena lambada, um simples toque e “era uma vez um garotinho...”.

Enfim chega ao seu ponto de destino final, ele ajeita a gola e os óculos, pede obrigado a moça que lhe segurou gentilmente a mala e pede licença ao menino da porta e desce...

Ao subir a escura rua onde mora, ele sofre um assalto, roubam seus cartões, sua carteira, seu computador, mochila e pasta com trabalhos, ainda batem nele até ele cair e não poder reagir...

Ele olha pra trás e vê o menino da porta, correndo com outros garotos...

E se ele pudesse voltar no tempo, pensou: Empurraria o garoto do ônibus, evitando o transtorno? Teria se preocupado? Bufou...

Ele ajeitou o cabelo, deu um sorriso e levantou-se.
Limpou sua roupa, recolheu suas chaves e olhou pros céus...
Sabia que se pudesse voltar no tempo, não faria nada...


Sem mais.
Mario Tito.

domingo, 12 de abril de 2009

Lado oposto.

De um lado da ponte um lar cheio de sorrisos, do lado oposto mentiras, jogos de tabuleiro e copos pela metade.
Do lado de fora da casa árvores e arbustos verdes com animais passeando...
Do lado de dentro da casa parece que sempre chove nas janelas e os móveis são antigos, a luz é baixa e o piano desafinado...

Poderia ele ficar pra sempre fora da casa? Ou pra sempre dentro da casa?Poderia ele não atravessar a ponte? Mesmo sabendo que são dois lados que nem sempre são unânimes, se dez pessoas concordarem com a mesma coisa, nove delas são desnecessárias...

Vejo um poço com um final próximo, mas eu estou caindo há uns vinte anos. Me seguro firme, assumo meus pecados e minha fraqueza, uso o lado turvo e o lado límpido. Queria inspiração e dinheiro...
Não tenho nenhum dos dois, vou pecar e volto em alguns dias, que podem demorar ou não.


Até breve.
Sem mais.

Mario Tito.

sábado, 11 de abril de 2009

E as cervejas estão na geladeira,ainda.

Toda cerveja que comprei pra comemorar meu insucesso ainda está guardada, você me parece grávida de seis anos.Eu não uso mais camisas descoladas e não faço a barba...
Você não me deu a chance que eu precisava para jogar toda aquela cerveja fora e amassar cigarros com os dentes, não queria ter que largar minha estante de livros para cupins de sabedoria.

Não sei se a TV me engoliu, ou se eu engoli aquele cinzeiro e aquelas batatas de três dias. Por que me deu seu telefone errado? Eu não iria ligar, eu juro...
A melhor parte do amor é quando ele termina.

Quando te vi de pé naquele mercado escolhendo boas verduras, te disse um olá, você chorou me abraçou e me beijou, tentei escapar foi inevitável, na verdade não quis escapar...
Não mesmo...
Te dei adeus sem mais uma palavra e até hoje escrevo canções com histórias que você insiste viver com outros dez, com outros vinte iguais a mim...
Sei exatamente como é seu sexo, tem gosto de café amargo e me afoga toda sexta-feira, quando termino de tomar banho...
Ele é tão gostoso quando chega ao fim.


Sem mais.
(isso aqui está às moscas...)
Mario/Tito.

sábado, 4 de abril de 2009

E o que eu temeria?

Preparei o meu carro com sacos de dormir e algumas batatas, no banco de trás meu violão e enlatados e no porta-malas algumas saudades...
Conferi todos os detalhes colei um adesivo no pára-choque e liguei o carro, o som desligou, ligou de novo e fui pra estrada...

60 km/h, final de tarde clara, alguns sucessos populares, óculos escuros e uma bela cantoria de minha parte. Eu não via ninguém pelo retrovisor e nem saudades sentia do que passava, parece que ninguém esperava a minha volta e nem eu mesmo espero.

80 km/h, noite estrelada e uma lua nova, nova como minha vida e como as marchinhas de carnaval que invadiam a rádio. Sem óculos escuros continuava assobiando canções que me remetem ao nada. Tem dias que nem durmo, porém sonho...

100 km/h, noite densa e a lua nova já é minha velha conhecida, velha como as músicas que se foram para dar lugar a Voz do Brasil, presto atenção e debato comigo mesmo as notícias. Paro o carro pra fazer um xixi...

120 km/h, madrugada fria os vidros se fecham e parece que nuvens escondem minha velha amiga lua. Deixo para trás cada passo e só deixo poeira como saudades...

160 km/h, Eu vejo que eu menti, a alvorada se manifesta em uma explosão fantástica e épica. Percebo que eu fugi quando liguei o carro, que eu não comi as batatas que trouxe, que eu não sabia dirigir, e que eu não vi essa curva...

Ou eu vi e não quis parar...



(...)




Sem mais.
Mario Tito.

cinco minutos para o fim do mundo.

É uma grande rodoviária deserta, com nove bancos e apenas um deles é coberto, e como chove!
Nenhuma alma aparece e tento contar os pingos que caem do céu, lágrimas da terra que chora de emoção, assim como eu choro ao aplaudir solitariamente o balé das nuvens.

O táxi chega e deixa pessoas com malas, as pessoas passam e nem me reparam, meu jornal não é mais um lar de notícias velhas, agora é meu cobertor...
Quantas pedras eu preciso chutar pra conseguir parar a represa dos meus olhos? Quanta lama vai ter que invadir meu rosto pra que eu possa, enfim, me esconder de vocês?
Meu patrimônio se resume a um tênis, um casaco, uma mochila e algumas moedas, e digo a vocês que me satisfaz saber que não estou tão ruim quanto mereço...

Junta esse pedaço de foto, cola nossos destinos e finge que eu só fui viajar pra que as saudades fiquem fortes e nosso sentimento passageiro se consolide por enquanto, ou não.
Muito tempo pra pensar se torna um crime, passional, porém um crime.
Sinto prazer em cada detalhe e me aborreço com meu humor duvidoso.

Em que ano estamos afinal?
A lua veio cheia? Ou já a esvaziaram com soluções menores?
Jogue esses papéis pro alto, depois os cate.
Vou dormir, tenho sono e posto pouco.

Sem mais
Aquele sumido.