terça-feira, 14 de abril de 2009

E será que há beleza em mim também?

O ônibus estava lotado, era seguro pelos próprios corpos, estava imóvel. As pessoas vão indo embora, ele percebe um garoto que viaja na porta. A porta aberta e ele pendurado sem receio algum, menino corajoso...
Pensa consigo mesmo: - Se esse garoto cai daí? E se alguém esbarra nele?
A essa altura ele não tirava os olhos do garoto de mochila e cabelo grande, usava um tênis preto e uma calça larga caindo, parecia estar na faixa etária dos vinte anos...

Agora ele já conseguia atender seu telefone, ainda sim de olho no menino da porta,já segurava sua mala de trabalho com seu computador na mochila e ajeitava os óculos após movimentos...

O menino parecia desafiar o medo de todos ao ficar com mais da metade do corpo pro lado de fora, um pequena lambada, um simples toque e “era uma vez um garotinho...”.

Enfim chega ao seu ponto de destino final, ele ajeita a gola e os óculos, pede obrigado a moça que lhe segurou gentilmente a mala e pede licença ao menino da porta e desce...

Ao subir a escura rua onde mora, ele sofre um assalto, roubam seus cartões, sua carteira, seu computador, mochila e pasta com trabalhos, ainda batem nele até ele cair e não poder reagir...

Ele olha pra trás e vê o menino da porta, correndo com outros garotos...

E se ele pudesse voltar no tempo, pensou: Empurraria o garoto do ônibus, evitando o transtorno? Teria se preocupado? Bufou...

Ele ajeitou o cabelo, deu um sorriso e levantou-se.
Limpou sua roupa, recolheu suas chaves e olhou pros céus...
Sabia que se pudesse voltar no tempo, não faria nada...


Sem mais.
Mario Tito.

2 comentários:

Anônimo disse...

eis outro motivo pra gente ñ chorar o leite derramado.

Karol Gonçalves disse...

Adoro sua ficção em alguns parágrafos!