segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Dona Matilde.

Ela decidiu não mais ler livros de capa mole, não ouvir músicas de pessoas mortas, tomar uma decisão já é tomar uma decisão, não é!?
Agora te digo que esse é o domingo mais quente dos dias que eu vivi, mas já devo ter dito isso mais de uma vez.
Essa moça disse que não acredita em milagres, e quer de verdade tirar sangue de sua própria testa, já que seu suor foi pouco, ninguém deu seu valor...

Sente-se uma velha, no auge dos seus setenta anos, não pratica o sexo com a freqüência de uma adolescente vagabunda, também não cheira mais aquelas carreiras repletas de viagens alucinógenas! Largou seu marido rico que não lhe fazia feliz, jurou aos filhos que ia voltar e foi pra vida!

-A parte boa da vida sempre estará por vir, disse ela uma vez após a última dose de conhaque acompanhada de um jovem soropositivo que conhecera em um sarau interiorano.

Algumas pessoas nascem pra vida, de verdade não são minhas favoritas, prefiro as que nascem umas para as outras, acreditando assim em final feliz.
Não acho que ela será uma velha na beira do fogão com o cabelo sujo de banha, e eu um grande gordo com aqueles shorts verdes de jogar futebol no domingo, aquela cerveja e aquele canário belga engaiolado não vão fazer parte do meu destino, eu juro!

Essa senhora se chamava Matilde, e esse foi o nome que eu dei a ela.
Gostava de ser chamada de Margot, seus filhos casaram sem que ela soubesse, seus netos cresceram sem que ela visse, seu marido faleceu sem que ela chorasse...

Sua vida se foi sem que ela vivesse...
Assim são as pessoas da vida.

Sem mais.
Mario Tito.

Um comentário:

Karol Gonçalves disse...

Eu queria ser amiga de Dona Matilde!