sábado, 4 de dezembro de 2010

Eu estive fora uns dias...

Um pedaço de tudo que te sobra você pendura no seu quarto e chama de honraria, estranhamente pessoas vivem de lembranças.

A gente passa o dia inteiro procurando não se dar mal, procurando coisas de graça, promoções, não engordar, ouvir coisas novas, conhecer pessoas legais, ter fé, não pecar enfim! O dia inteiro nós procuramos coisas pra pendurar no final do dia no nosso mural.

Amigos pra marcar um chope depois do batente, afrouxar a camiseta deixar a gravata torta, tudo isso pra virar fotografia e você poder pendurar nessa sua parede, deixar eternizado nessa sua estante bela...

Estranhamente o Rio de Janeiro entrou em caos, e isso pode soar como cotidiano, não para mim! Não é falar de política, nem criticar o governo, vou me atirar ao individualismo e não sei se volto ao coletivo nesse post ainda.

Eu, ali no meio da estação olímpica do Engenho de Dentro, e ninguém na estação, todos estavam estranhamente assustados com a “onda de violência no Rio” (Já reparam que tudo que soa indignação vira onda?) e iam mais cedo para casa, não iam para as aulas, mas eu estava ali, e aquela arquitetura suburbanamente Central do Brasil, mais a chuva e alguns vendedores na plataforma perguntavam se o ramal que tinha passado era o Saracuruna, me senti um merda por nunca ter ido à Saracuruna! Que carioca sou eu!? Enfim, fora o muro das lamentações eu continuava ali de mochila sentado no corrimão da escada esperando meu trem, que por sinal demorava e muito!

Não sei se vocês tiveram o prazer de pegar um trem, mas normalmente as estações tocam músicas e você só consegue escutar essas canções quando tudo é silêncio, coisa difícil nas estações pelo corre-corre diário de trabalhadores e estudante que trazem com seus dias muitas coisas pra pôr na estante deles, e com isso telefones pessoas desconhecidas conversando sobre a família, planos e projetos pra se tornarem futuros funcionários públicos!

Enfim, nesse dia nada acontecia e de repente o Caetano Veloso começa a cantar:
“Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a Avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas (...)”


E eu entendi o que ele falava quando cantava essa realidade...
O trem veio e eu fiz questão de não entrar até a música acabar...

“(...) Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa”


Mas o problema dessa alusão errónea que eu fiz é que Caetano fala de São Paulo! E não estamos no túmulo do Samba e sim no berço dele!
E nesse dia bucólico, onde todos se preocupavam com a segurança consegui trazer tudo que podia pra minah estante, e agora pro blog!

Bom apetite!

Sem mais.
Mario.

2 comentários:

Karol Gonçalves disse...

Bom!!

Karol Gonçalves disse...

E que carioca sou eu que nunca andei de trem e não entrei em pânico nesse dia.
Alguma sugestão de estação como destino?!