sábado, 9 de janeiro de 2010

Impróprio para dromedários.

Minha febre ardia mais do que o normal, meu equilíbrio se perdia mesmo quando deitado, enfeitava as mais bonitas histórias de amor e depois a serpente invadia meus pensamentos tão límpidos.

Como pode querer correr sem pressa?

Agora faço do injusto resultado das minhas decisões mais covardes, acendo um cigarro para espantar mosquitos, como diria Noel.
Agora eu tenho dentro de mim minha maior conversa, e eu minto o tempo todo, ele acredita sempre.

A cama escorria suor como se fosse uma cachoeira de mentiras e pecados, e eu gritava aos quatro cantos, do quarto, que não ia mudar e continuaria falho e injusto! Todo o suco de laranja que minha mãe me ofereceu foi insuficiente, todo o sol que ardia não foi o bastante pra tirar de mim o cobertor mais pesado que tínhamos em nossos armários.

Como posso ir sem dizer adeus?

Agora guardo em memórias tudo que foi simbólico, queimo cartas e apago recados, me recorto em fotos e esqueço datas, entro em estado de fúria e logo acordo agitado, mais uma compressa de água fria em minha testa...

Agora sentado no Box, finalmente consigo chorar, a água parece me castigar com uma força atemporal, e parece que estou a uns vinte dias ali debaixo daquela surra de água fria.

Redenção.
Não, não foi uma redenção! Foi minha cura humana, e meus pecados? Continuaram presentes e diagnosticados por mim como eternos.

Como posso fugir de mim com minhas pernas?

Agora por fim saio pra rua e enfrento meus medos diários, não que eu os vença, mas tento me aliar aos mesmos.


Sem mais.
Mario Tito, mas vai que poderia ser você também.