quarta-feira, 4 de abril de 2012

Aplaudindo a vida,sem culpar ninguém.

O lugar sempre foi bem vigiado, as freiras tomam conta das almas e do que as pessoas devem achar, os sinos tocam católicamente quando o relógio se centra às doze horas e às dezoito horas, latim, piano e estudo bíblico. Nada fora do normal, meninos em um lugar e meninas bem longe, do outro lado, quase hemisféricamente separados.

Ele pensou em uma saída, quando ainda jovem e com a fé menos forte percebeu sua vontade de se masturbar quando via panturrilhas de freiras, o sentimento de culpa sempre começa no final do prazer, como toda dor advém do prazer, chamamos de pecado na burocratização ocidental, nada menos planejado.

Ele saiu, conseguiu se formar, um homem de bem que tenta a todo o tempo controlar suas calças, não estou falando do cinto, ele sabe que seus piores pesadelos são em latim. Tentará se estimular por costumes que não são de sua índole até os quarenta e cinco do segundo tempo, cada compromisso com a vida será adiado por traumas. A culpa é sempre de Deus, coitado.

-Maldito Deus que não me diz se existe,se não existe, que age sem fazer nada efetivo, como vou saber?

Faz perguntas demais, o universo paralelo pra ele é o cenário perfeito, nem Hume lotado de empirismo e nem Descartes lotado de racionalismo, e sim um São Tomé, lotado de desconfianças! Ele quer certezas, não dúvidas! Esqueceram de avisar ao rapaz que um homem não é o que responde, e sim o que pergunta. Adiante.


Ele decidiu não mais responder nada a si, e sim perguntar, alegando que perguntas levam a pensar e decidiu ficar com o que lhe é proveitoso, com sentimentos, encher-se de problemas não trariam soluções, e sim mais problemas e mais, e mais e mais. Não acredita mais em Deus, é um direito lhe assiste, mas acredita fielmente na Igreja, aquela que o formou como o homem que é, sem religião, mas cheio de religiosidade.

No fim da vida erá um encontro com seu passado, suas freiras, mulheres, amantes, amigos, filhos, livros e discos. Fará um balanço introspectivo no leito do hospital e antes de partir para onde nossa experiência não nos permite dizer o que, vai abrir um sereno sorriso, nada em Latim, não foi culpa de Deus.

Agradecendo perceberá que viveu.
Amém, né?

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