quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Remendando o suéter.

Com os braços fracos de tanto carregar peso te devolvi o brasão que um dia me deste. Você emburrou e pensou mal de mim, não quis saber pra onde eu ia e me mandou ir pra sempre.

Você se sangrou pra não me perder, me criou em cicatrizes e eu te levei em um papel com um desenho com traços mal feitos.
Não me toquei que o desenho ficou por séculos em minha gaveta, esquecido e virando pão de traça.

Agora você quebra aquele brasão e a razão se aloja em seu viver, meu suéter velho e azul não comportam mais tanta história, seus dedos tão novos se perdiam no que era meu e agora meus dedos se perdem em espaços vazios.

Nossos atos só são vistos como bons ou ruins depois que chega a temida consequência (sem trema).
Agora me recolho e tento negociar algumas dívidas passadas.

Sempre quis novos brasões.
Sem mais.
Mario Tito.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

E chega o dia dos grifados sem graça.

O quanto será que um homem tem que ter andado até poder ser chamado de homem?
Será que o mesmo homem que olha pro céu um dia olhará do céu e o verá?
Se eu sou o que sonho, eu sou um monte de cosias sem sentido e sem imagem clara, um desvio de personalidade?Devo visitar um especialista.

Não vou me exaltar por ser bom, ótimo, capaz, eficaz as qualidades devem ser percebidas e reconhecidas, e os defeitos corrigidos e reciclados e obviamente nunca conseguiremos isso.

É como se fosse um romance, Romeu precisa dela se não ele sangra. O Doutor Lixo se formou em Londres e é como se fosse o Newton do que já existe. Dona Ofélia jogou um vaso de orquídeas do décimo andar, e esse vaso caiu na cabeça de Seu Antunes que era amado pelas crianças.

Vamos explodir o Japão de novo?
Se eu pudesse ter uma virtude, eu queria ceder minha outra face para apanhar novamente, acredito que se Israel pudesse também o faria, mas não podem.
Vamos comer fritadas com óleo?
Se eu pudesse escolher um pecado, eu escolheria um por dia da semana.
Mas no domingo viria a inveja, inveja do sábado.

Sem mais.
M .

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

com medo de dormir.

Era um homem sério me pediu os números dos telefones do escritório. Eu lhe dizia as coisas certas da maneira mais errada possível, ele tinha medo de perder o ônibus pra casa dele que era muito distante de sua tristeza.

Ele não reparou o quanto fiquei nervoso com sua presença tão sem pecados aparentes, ele já havia se exposto ao máximo em sua vida, e acreditem, era triste! Andava armado com alguns reais e algumas verdades sobre todos nós.

Contou-me que tinha perdido muita coisa, ele perdeu os sinais e agora se dedicava apenas ao seu trabalho infiel. Quer uma nova chance de tornar esse hábito uma maneira de se satisfazer, ele aprendeu a se masturbar com livros e cospe do alto do vigésimo andar do apartamento bagunçado que ele vive.

Ele sai todo dia por aquela porta de madeira com um olho mágico, se benze e desce no elevador, cumprimenta o porteiro e vem em pé no ônibus.

Agora ele completa sua idade, e sabe o tempo certo de se tornar um perdedor que vence, afinal, acidentes acontecem.

Sem mais.
Mario Tito.

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Tem Copa em 2010.

Ele engole as espinhas do peixe no meio do jantar pra não ter que levar as mãos até a boca e ser visto como indelicado.
Ele se engasga e com a delicadeza de um lord pega a taça com água e termina seu primeiro passo rumo à alta sociedade.

O quanto os ex-assassinados podem assassinar agora? Em quanto tempo podem tomar o que tanto criticavam para se apropriar dos mesmos meios pra não chegar aos fins?
Quando aquele calabouço se transformar em lar, e quando o ego dos eternos subordinados conseguir virar razão aí sim evitaremos tanto sangue desnecessário.

Mas agora nossa casa virou abrigo pra bandido, ta a cada dia piorando e isso vai até 2010. O carnaval nem chegou ainda, mas se cobrir isso aqui vira um circo e se cercar vira hospício.

Viva ao carnaval!
O Brasil é sim um eterno feriado.
Já sabemos quem irá voar em 2010.

Sem mais.
Mario Tito.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

E quando você acordar?

Talvez amanhã eu me esconda no campo das minhas ambições já que a cidade está tão cheia de boas maneiras, todos nossos amigos vão sorrindo dizendo frases cantadas nos anos 60.

Agora você tem todo o tempo pra me cantar uma canção que seja a sua vida em versos, eu não consigo do jeito que tentamos, bem que podíamos virar à esquerda, o que acha?
Não me canso desses manuais de boas maneiras, que me indicam o quão reacionário ainda posso ser, só pra te agradar.

Acho que camisetas estampadas demais me fazem mais inocente, preciso de seriedade e um serviço fixo, de um café da manhã na esquina do trabalho, e um jantar com velas e um bom vinho no terceiro sábado do mês.

Vamos jogar nossas fichas nos meus sonhos com você, larga da mão dele, ela não tem o meu toque e meu gosto foi o que ficou.Não adianta cuspir o que sente, não tente comer uma uva fingindo ser uma goiaba.

Desisto de sonhar, agora vou pelo caminho errado e serei letal com sonhos em preto e branco.
Eu pertenço a essa cidade agora também, a rádio toca os meus dias, e a sua vida não tem mais aquela canção, a sua vida não é mais aquela.

E nós? Ainda é a primeira pessoa do plural.
Sem mais.
O mesmo do ano passado.

sábado, 17 de janeiro de 2009

Cap. X - Como recomeçar do zero.

Ele venceu e felicitou o perdedor e agiu como se vencer fosse normal para ele, pegou suas roupas e tomou um banho gelado no vestiário masculino. Entrou no carro que o deixou em casa ao se olhar no espelho conseguiu dormiu enquanto falava com Deus.

Usou do seu sobrenome pra se tornar conhecido, agora ele tinha status e usava a roupa igual a do seu avô no qual ele se espelhava e queria ser igual, tinha problemas em casa, mas fingia ser sempre um vencedor em todos os ângulos de sua vida.

Conseguiu terminar seu casamento e recomeçar sua vida ao lado de outro alguém, onde abandonou seus projetos e se dedicou a uma pessoa que, por sua vez, se dedicou a ele também. Passava dias fazendo biscoitos e vendo programas da tarde na TV, alimentava os animais e colhia algumas goiabas, ou qualquer outra fruta que estivesse em seus pomares...

Ele fez um filho, e esse filho seguiu os passos do pai como ídolo, dormia em paz, mudou seu nome, fingia estar bem, conseguiu tomar coragem, envelheceu e fez um filho...

E esse filho por sua vez...

Sem mais.
Mario Tito

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Cap. IX- Como viver pra sempre.

Por que isso acontece com tantas pessoas?
Não quero precisar ir devagar demais, eu queria ir mais rápido mais ofegante.

Não, não me preocupo o bastante para atravessar pro seu lado e é quente e pesado!
Quero tomar o controle e afundar esse barco com nós dois juntos e depois recriar nossa espécie.

Pode ter o seu cabelo, meus olhos que pouco enxergam, seus ouvidos apurados, minha paciência, seu carisma, meu mau humor e o seu bom humor...
Pode ser uma linda menina com seu sorriso, ou um garotão que eu leve ao campo de futebol e ensine a jogar videogame.

E eles vão por sua vez crescer e cada um vai ser diferente do que fomos, cada um terá outros deles que serão de nós...

Acho que é um bom jeito de não morrer nunca, e ficar pra sempre na terra
Será que meu tataravô pensou nisso?

Sem mais.
Mario Tito.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Cap VIII - Como envelhecer por conta própria.

Agora quatro anos depois você fala comigo?Encontrei aquela sua amiga, ela anotou meu telefone em um papel pequeno, sexta-feira ela disse que te encontraria e iria mandar você me ligar.

A gente podia ir nessa nova boate tomar uma cerveja, ouvir algumas músicas que nos lembraria da nossa época, e se seus pais tivessem viajado de novo, seria bom...
Tudo que eu digo se perde e eu demoro a achar, olha o que o tempo faz com a gente!

Esses dias tenho pensado tanto em você, eu sei que agora é tão tarde que você não é mais minha, que seu casamento vai bem, mas juro que não quero mais controlar você na cama, e nem quero sua fidelidade, nem a minha...

Não desligue o telefone, eu não tenho cabelos brancos só estou mais gordo!
Por favor...

Você já está no seu segundo filho e é o segundo casamento, eu ainda toco aquele velho violão que você odiava tanto. E meus amigos?

Cada um ficou com seu cada um e me perdi de todos,culpa minha uma hora, culpa deles outrora.

Ah obrigado.


Sem mais.
Mario Tito

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Cap. VII - Como criar coragem.

Nós somos tão rudes, mas eu te pedia sonhos em todas as quartas congeladas em uma pequena solidão.
Você vinha toda chuvosa e vestida com os beijos que eu queria...

Eu adormecido despertava em mistérios, um beijo é muita coisa pra se pedir! Bote seus sapatos de dança que vou seguir o seu jogo passo a passo, ponto a ponto.
Seria pretensão dizer que somos igualmente tristes?

Não quero mais responder perguntas, vou sair correndo até tropeçar e quebrar meu nariz no meio do asfalto: - Olha lá! Vem um caminhão...

Era pesada pra segurar, meus sapatos estavam desamarrados e eram verdes por eu gostar de cinema.


O caminhão pode ser alguém.
Os sapatos e a coragem são os mesmos.


Sem mais.
Mario Tito.

terça-feira, 13 de janeiro de 2009

Cap. VI - Como manter as aparências.

Ela os prendia facilmente com seus cabelos e seios, hoje em dia cédulas e cheques os trazem pra perto. Estudou bastante entre cada uma das relações casuais e fez fortuna ao conseguir falar seis línguas e ainda por cima usar a dela como ninguém, viajou o mundo...

Hoje ela paga pelo que cobrou, ela compra prazer como se fossem abajures de porcelana. Alguns batiam nela eu lembro como se fosse hoje, ela chorou e cantou uma canção da Gal Costa.

Saiu das calçadas para as esquinas, das esquinas para a mão de uma moça que cuidava de meninas bonitas, como ela, comprou seu apartamento, virou segunda esposa de um cristão inglês, morou na França, Itália, Dinamarca, Congo, Chile, Jamaica, Japão e Alemanha por fim, onde foi abandonada com dinheiro suficiente...

Ao Brasil de volta, antes ela tinha nojo deles, agora eles sentem nojo dela, mas admiram as fotos de celebridades presas nas paredes da antiga construção...

Ela não quer mais amar, quer ser amada!
E o que fica pra todos nós?
É o que sobra...

Sem mais.
Mario Tito

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Cap. V - Como escolher seu ídolo.

Sua timidez era infantil como um brinquedo, sorria sem graça e sentia pavor, temia a morte de seus mais queridos e esperava com o braço arrepiado de medo...
Tossiu uma gota, e era de sangue cuspiu o amargo do amor antigo, que hoje em dia não é mais fiel, não é amigo não é o que se tivera um dia prometido.

Sua timidez era madura como uma fruta que caiu do pé. Sorria pouco, pois era adulto e sentia medo de medo sentir.
Tossiu amargo o gosto do cigarro, cuspiu no prato de volta a comida, que hoje em dia não é mais presente, não é amiga e não se acomete.


Sabia muito, mas não lia nada, sentia frio, mas nem se cobria ele era forte, era homem bom e ensinava a rebeldia que ele viveu, usou discurso pra ser aclamado virou um foco de admiração, todos queriam ser igual a ele.

O moço que passara fome, que matara porcos e comia gente, o homem que lutou com a sorte virou cabra de pedra que não se abatia, tinha olhar de quem sofrera muito, e aquele medo que antes soprava e arrepiava o braço do rapaz, virou brinquedo que ele não tivera que ele não brincara que ele não sabia...

E esse Deus que ele acreditava também não disse nada que ele quisesse ouvir, fumou a bíblia toda, e disse que era o santo que vivia ali...
Morreu sozinho quinze anos depois, sem uma perna e com um cachorro preto, que parecia ter sido a companhia daquele que queria ser o novo mártir de quem não tem sono.

Sem mais.
Mario Tito.

domingo, 11 de janeiro de 2009

Cap.IV - Como mudar o nome.

Era contagiante a felicidade dele, parecia pra sempre ser o mais feliz, o pássaro verde que todos invocam parecia estar numa gaiola com ele, mas como tudo que é preso demasiadamente morre, o pássaro levou a alegria dele...

Todos os dias agora ele se rende a frases de revistas, e chuta a água do mar parece que procura o pássaro em todos os ninhos, mas a felicidade também ama e o amor é feliz, um depende do outro pra funcionar.

Ele que antes era X agora é Y, dizem que melhora aos poucos...
Chora um pouco, mas sorri também, tem que ser assim, não é?
Sem mais.
Mario Tito.

Cap.III - Como dormir em paz.

Olha o lençol manchado com sangue, e um bilhete de despedida após a primeira vez dela, as pessoas tem distúrbios, eu sei.


"É, fostes até o dia que o pra sempre permitiu, foi pouco, foi intenso, foi pra mim...
Te amo."





Como ela poderia ter tanta certeza que não era amor? Eu não era confiável por quê? Meu cabelo? O tênis desamarrado? Ou o videogame na mochila? Eu sabia falar e tinha datas históricas na cabeça, poderia limpar vidros e comprar uma chácara para nós dois.

Era bem melhor continuar jogando meus jogos imaginários que eu sempre vencia e não havia derrotados, me habituei a ser feliz, mas me apresentaram a dor, não quis sentir, fiz bico e não olhei a ela...

Disseram-me que escrever demais fazia mal para a cabeça, mas quem disse que normalidade se mede? Ou se tem, ou se observa ou se condiz!


Queria parar de comer e levantar do meu trono de risos, parar de ouvir minha voz rouca e escutar músicas em rádios FM.
Quero o escuro do meu quarto, e a luz do computador que traz como plano de fundo uma saudade e uma foto do Homem Aranha, heróis são assim...
Há quem prefira o Obama ou o Che Guevara.


Sem mais.
Mario Tito.

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Cap. II- Como agir com naturalidade.

Nada mais do que precisa ser dito, nada além do que precisa ser feito: Necessário.

Sem muitos afagos, sem muito choramingo usamos do que se precisa pra não ficarmos enjoativos e repetitivos.
O eterno curto e grosso, homem de poucas palavras e atitudes que são simples, porém muito fantasiadas.


-Oi, tudo bem com você?!
-Não, não está...


Sem mais.
Mario Tito.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Cap. I - Como não menosprezar seu oponente.

É fácil entender de onde você vem e do lixo que você come. É fácil saber o quão somos mesquinhos e o quanto temos. É fácil enxergar um leque aberto com possibilidades quando se vê possibilidades.

Grandes feitos são tidos como grandes feitos, quando a obrigação vira mérito percebemos que estamos andando pro lado.
Com paciência reaver castelos que antes, estavam destroçados após a batalha que se terminou...

Após todo gozo sem amor, o nojo nos invade e o sexo vira sujeira, vira masturbação com corpos estranhos, assim como vencer. Não derrotar os derrotados não faz você ser mais ético, e sim mais vencedor...
Ao derrotado sobra o papel de ser paciente e pegar cada tijolo e empilhar para que o castelo volte a ser morada de felicidade, e que o lixo que ele come não vire um banquete aos que se fartam...

Sempre vai ter outra chance, enquanto vivos estivermos. Enquanto pudermos recomeçar nós o faremos, e se demorar vai com calma que os dias são curtos, mas a vontade é grande...

Adoro posts otimistas.
Um por dia.
Paz ao oriente médio, Deus é um só.
Sem mais.
Mario Tito.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

Impróprio para leitores.

Vieram dizer-me que tinha que ser amanhã, fiquei sabendo pela boca de terceiros que não se faz de sol, de lua, de calor e de esmeralda! Que um caminho se faz de vitórias e luz...

Acreditar em anjos pode ser uma saída pra voar, ouvir menos, sentir menos olha o parasita do vinho que nos embriaga em certezas turvas...
Vamos adiar nossos jogos e começar a sorrir por flores de vidro com enfeites de sangue...

Lá se vai a boiada em meio a gritos de um berrante que diz “Bom dia” enquanto pessoas se chocam em egos sujos e iguais ao meu.

Sem mais.
Mario Tito.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

Um Pierrot retrocesso...

O casamento deles ia bem, melhor impossível, diria um desses analistas do Fantástico!
Ele foi promovido recentemente e tinha um caso extraconjugal, ela sabia e não reclamava, pois o jardineiro a visitava toda manhã...

A amante dele era uma jovem menina amiga de sua filha de 18 anos, que de vez em quando ficava de biquíni na piscina da casa deles, era quase da família.
O jardineiro olhava pras curvas da filha do casal, e deveras para as curvas da amiga da filha e amante do adúltero marido...

A filha do casal engravidou juntamente com a amiga, e o pai ficou furioso duas vezes, pois sua filha de 18 anos engravidara, e ele o pai de família exemplo de cidadão conservador dos bons costumes não admitia de maneira alguma aquilo, e culpava a amiga grávida também, pelo “desvio de conduta” da filha.

Ressaltando que ele não poderia ter mais filhos, sentimos um ódio na traição sofrida pelo traidor, um adultério dentro de outro. Será que a esposa teria motivos para ser sorrir? Creio que não...
Temos sua filha grávida e a menopausa chega à sua porta! E o jardineiro?
Foi encontrado morto alguns dias depois...

São sete os pecados? Apropriamos-nos de todos eles, todos os dias
Temos certezas, e se isso nos deixa tão otimistas, então qual o motivo das lágrimas?
Não aguento dramas familiares e novelas, mas assisto.

"Meio bossa nova rock´n roll..." Ah Cazuza...

Sem mais.
Mario Tito.

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Tempestade de passado.

Ele me dizia que só conseguia compor naquela cadeira de cozinha, com aquela meia dúzia de acordes que aquele violão tão velho emitia.
Escrevia frases em um caderno amarelado e cheio de rabiscos garranchados, na verdade não dizia coisa com coisa, mas era a maneira dele se livrar desse hálito tedioso dos fins de tardes febris.

Ele parou de me ligar a uns dois anos, na mesma época que abandonou as camisetas brancas e decidiu usar moletom.
Encostou o velho violão na parede de seu quarto, o caderno amarelado ainda tinha umas duas páginas em “branco”...

Agora ele dirige um carro durante dias.
E o que você espera dele, meu bem? Ele já esqueceu a voz dela, provavelmente adora aqueles pães e ainda deve desmoronar se vier a presenciar mais lágrimas dela, porém abdicou de pernas e sorrisos pra ser feliz...

Ele é o famoso especialista em não tentar, ele é inovador no jeito de se vestir mal e pratica sexo consigo mesmo quando ele acha que vai começar a amar!

Se afogando em banheiras de hotéis de beira de estrada, ele renasce a cada dia o mesmo homem...


E o seu violão? Ainda está lá...
E o que eu li nesse caderno? Temos 2009 inteiro para (re) descobrirmos aos poucos...
Sem mais.
Mario Tito.